FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

A Ferrovia Tereza Cristina S.A (FTC) é uma empresa concessionária de ferrovias, situada no estado de Santa Catarina.
A empresa opera a via EF-488 desde 1º de fevereiro de 1997, antiga Estrada de Ferro Donna Thereza Christina. Esta via foi projetada para o transporte de carvão mineral entre a então localidade de Minas (hoje Lauro Müller) e o porto de Imbituba. É o menor corredor ferroviário brasileiro. Sua linha é isolada, não sendo interligada ao restante da malha nacional, com apenas 164 quilômetros de extensão. Serve para abastecimento da Usina Termelétrica Jorge Lacerda na época da Eletrosul passando depois para a Tractebel Energia. Foi nomeada em homenagem à última imperatriz do Brasil D. Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, esposa de Dom Pedro II.
A empresa arrendou a via EF-488 em leilão realizado em 1996 por R$ 18.510.000,00 para um período de 30 anos. A via era operada até então pela Superintendência Regional 9 da Rede Ferroviária Federal, sediada em Tubarão (SC).
Há a previsão de aumento desta malha ferroviária, com a construção da EF-140 prevista desde 2006 no Plano Nacional de Viação, visando interligar Imbituba a Araquari.

HISTÓRIA

The Donna Thereza Christina Railway Company Limited

Da descoberta do carvão à construção da Ferrovia
Inúmeras são as histórias sobre como o carvão catarinense foi descoberto, entre elas a contada pelo Pe. João Leonir Dall’Alba: "[...] conta ele que por volta de 1830 e numa determinada noite estando um grupo de tropeiros acampados em Passa Dois, nas proximidades de Lauro Müller, ajuntaram algumas pedras para servirem de apoio às panelas. Após atearem fogo a lenha, observaram espantados que as pedras também estavam queimando. O susto foi ainda maior quando começou a exalar um forte cheiro de enxofre, o que caracterizava, na época, a presença do diabo. No outro dia, recolheram as amostras, que foram remetidas ao Rio de Janeiro" (Trecho citado no livro  "Histórias de Tubarão – das origens ao século XX", p. 202, do escritor Amadio Vettoretti,).

Com a descoberta do carvão, o Império mandou para o local, na cidade de Tubarão, vários exploradores para atestarem sua qualidade. As primeiras explorações, iniciadas antes de 1832, relatavam que o carvão existente nas cabeceiras do rio Tubarão era de boa qualidade. Sucessivamente, a qualidade do carvão passou a ser ora afirmada, ora contestada, tanto que o Sr. Van Lede, em uma de suas obras sobre o Brasil, afirmou que o carvão catarinense era de má qualidade e pertencia à espécie conhecida como "carvão de pedra chistoso luzidio".

Sem a clara certeza sobre a qualidade do carvão, muitos naturalistas desejaram requerer o direito de exploração, no entanto logo desistiam, por falta de transporte. Com isso, o governo, em 1842, decidiu realizar a exploração por conta do Estado, mas não recebeu crédito e ficou sem efeito. Com tantas desistências, somente em 1861 o Segundo Visconde de Barbacena, Felisberto de Caldeiras Brand e Pont, requereu do governo o direito de exploração e "em 1874 conseguiu do Império a autorização para construir uma ferrovia que tomasse a seu cargo o transporte da hulha negra de Santa Catarina aos portos de embarque de Imbituba e Laguna. Nesse mesmo ano e mês, o contrato favorecia a concessão da Estrada num prazo de oitenta anos" (Trechos do livro "Tereza Cristina — A Ferrovia do Carvão", p. 25-26, de Walter Zumblick).

"Duas foram as empresas que surgiram. Com títulos altamente significativos. Nascidas sob o calor dos favores governamentais. Foi assim que, sob o entusiasmo que contagiou capitalistas na Inglaterra, sugiram a "The Tubarão Coal Mining Company" e a "The Donna Thereza Christina Railway Company Limited", ambas umbilicalmente atadas a uma mesma empreitada. Cavar o carvão, transportá-lo a um porto de embarque e vendê-lo na Europa. O nome da nossa ferrovia não surgiu por acaso. Era, isso sim, uma agradecida e sincera homenagem feita em troca de tão elevados favores partidos do coração sensível e boníssimo do nosso último imperador" (Trecho do livro "Tereza Cristina — A Ferrovia do Carvão, p. 23, de Walter Zumblick).

A "The Tubarão Coal Mining Company" levou cerca de três anos para dar início a qualquer iniciativa puramente mineradora. A necessidade de maiores financiamentos tolheu as providências que já deveriam ter surgido às cabeceiras do rio Passa Dois, no então município de Tubarão. A empreitada, no entanto, escancarou a reclamar, ainda, mais capital. Com a certeza de que não seriam obtidos mais empréstimos, a Companhia procurou, já em desespero, apressar os serviços das minas, com o fito único e exclusivo de transformar o carvão no dinheiro inadiável e capaz de barrar os prenúncios de um insucesso quase já à vista. Extraídas com sacrifícios de toda sorte, duas mil toneladas de minério embarcaram com destino ao Rio da Prata, na Argentina. Durante dois meses, o navio esperou no porto de Imbituba por sua carga, sessenta dias pagando as estadias, situação fácil de prever o desfecho negativo da exportação. Foi o primeiro e o último carregamento feito pela concessionária, pois ao fim do ano de 1887 estavam paralisados os trabalhos.

A Construção da Ferrovia
"Com o capital subscrito, os juros garantidos e a fiança prestada, a 'Companhia' estava desanuviada dos empecilhos tão frequentes no mundo das concessões, avais, leis e obras. Um só caminho restava: colocar em marcha o arrojado empreendimento, a construção da Estrada de Ferro Donna Thereza Christina. Que, pousada em dormentes, paralelas de ferro, figuraria como promessa de novos tempos, que fariam emergir todo o sul de Santa Catarina. De maneira praticamente normal transcorreram os trabalhos da locação, abertura das picadas, cortes e aterros. Tudo acompanhado pelo entusiasmo do nosso povo, testemunha de que, aos poucos, a realidade substituía uma velha aspiração" (Trecho do livro "Tereza Cristina – A Ferrovia do Carvão", p. 26 e 28,).

Aos poucos vai sendo idealizado um sonho, mesmo com algumas contradições. "Os dormentes eram de pinho creosotado, vindos da Europa, enquanto a Ferrovia atravessa uma floresta de madeira de lei de primeira qualidade, e o cimento e o ferro vinham da Inglaterra" (Trecho do livro de Amadio Vettoretti, "História de Tubarão – das origens ao século XX). Porém, mesmo com o capital e a engenharia ingleses, a mão de obra contratada foi de imigrantes italianos, que viviam isolados em meio à floresta, tinham conhecimento e eram acostumados ao trabalho duro.

Nesse contexto, de um lado estavam os ingleses, aqui representando a companhia concessionária; e do outro, a vigilância exercida pelos fiscais do governo. Durante quatro anos – 18/12/80 a 31/08/84 –, a Ferrovia foi construída. Ao término, havia uma linha tronco de 118.096m, que ligava Imbituba às Minas, e um ramal de 7.056m, que ia de Bifurcação a Laguna, além de 44 pontes e pontilhões e 234 bueiros. Sete estações: Imbituba, Bifurcação, Laguna, Piedade, Pedras Grandes, Orleans e Minas. E as oficinas, inicialmente, estavam localizadas em Imbituba. Todas estas obras somaram um custo de 6.498:133$330, sendo 5.609:298$020 com garantias governamentais de juros de 7%.

"Chegava ao fim a grande construção. Os prédios, uma arquitetura um tanto pesada, eram olhados como balizas anunciadoras, ao longo da linha, dos próximos pontos de parada dos trens e núcleos iniciadores de vilas ou cidades. Todo o sul catarinense vibrou, e o governo da província, inclusive, quando a The Donna Tereza Christina oficialmente solicitou permissão para abrir, em caráter mesmo que precário, o seu tráfego.

"O acontecimento era assunto obrigatório em todas as rodas. Esta região, que sonhava com Barbacena à beira de seus planos considerados visionários, acordava para a mais promissora das realidades. Não era miragem aquele já familiar espetáculo das pequenas locomotivas arrastando uma ninhada de vagões, com apitos longos e estridentes resfolegando em meio às várzeas eriçadas pelo milharal. Era, àquele tempo, uma nova e diferente melodia, com acordes pipocando pelos morros a distância. Era a chave que iria escancarar aos ousados as portas que trancavam as possibilidades produtivas destes celeiros de terras ubérrimas, até então perdidas pelo esquecimento" (Trecho do livro "Tereza Cristina – A Ferrovia do Carvão", p. 32, de Walter Zumblick).

Era o início das muitas dificuldades que a Ferrovia sofreria. Porém, mesmo assim, insistia em transportar o problemático carvão. Fato que o Eng. Fiscal João Caldeiras Messeder percebia e transcrevia em seus relatórios ao governo imperial. Eis um trecho extraído de um de seus relatórios, no qual afirma sua visão sobre a Ferrovia: "[...] só tem um pensamento: ir às minas de carvão e trazê-lo para o Porto de Imbituba. A estrada para o carvão não cuidou de ver ao menos, rapidamente, os lugares que percorria e as riquezas que ia dispensando em seu caminho para o problemático carvão" (Trecho publicado no livro de Amadio Vettoretti, "Histórias de Tubarão – das origens ao século XX, p. 204). E, em outro relatório, anotou: "[...] é uma estrada sem princípio e nem fim. Não tem porto para descarregar os produtos que traz e fica encurralada na Estação de Minas, no meio das serras, onde não pode prolongar-se" (Trecho publicado no "Jornal Diário do Sul", matéria feita por Amadio Vettoretti, na edição especial de 110 anos da EFDTC, de 29/09/94). Mais uma vez voltada para o carvão, começam a ser construídos os ramais, todos por causa da descoberta do carvão no local, esquivando-se de dar condições para o transporte de mercadorias e outras cargas.

DADOS GERAIS
  • Bitola: Métrica
  • Extensão: 164 km
  • Linha tronco: 116 km (de Imbituba a Forquilhinha)
  • Ramal de Urussanga: 25 km
  • Ramal de Siderópolis: 18 km
  • Ramal de Oficinas: 5 km
  • Via de operação: EF-488


OPERAÇÕES
O produto principal transportado pela ferrovia é o carvão para o abastecimento do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda. Nos últimos anos iniciou o transporte de produtos cerâmicos exportados pelo porto de Imbituba.

FROTA
554 vagões e 17 locomotivas.

CIDADES SERVIDAS
  • Tubarão
  • Criciúma
  • Laguna
  • Imbituba
  • Urussanga
  • Içara
  • Jaguaruna
  • Capivari de Baixo
  • Morro da Fumaça
  • Sangão
  • Treviso
  • Cocal do Sul
  • Forquilhinha

  
Logo da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

INFORMAÇÕES PRINCIPAIS

Nome: Ferrovia Tereza Cristina S.A

Sigla: FTC

Área de operação: Santa Catarina

Tempo de operação: 1997-Presente 

Sede: Tubarão, SC, Brasil

Ferrovias antecessoras: RFFSA Rede Ferroviária Federal S.A

ESPECIFICAÇÕES DA FERROVIA

Bitola: 1,000mm (Métrica)

Extensão: 164 Km.

Mapa da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

Locomotiva EMD G12M N° 4193 da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

Trem da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

Trem de Natal da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

Sede da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A localizada no município de Tubarão/SC.

Locomotiva EMD G22U N° 4409 da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.

Auto de linha ALS-9071 da FTC Ferrovia Tereza Cristina S.A.



Comentários