RVPSC Rede Viação Paraná-Santa Catarina

A Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC) foi uma autarquia federal instituída oficialmente em 1942 pelo presidente Getúlio Vargas através do Decreto-Lei nº 4.746 de 25 de setembro, cuja era destinada à exploração de transportes ferroviários e rodoviários e ao exercício de atividades industriais e comerciais conexas, segundo Art. 1º do decreto supracitado.

SURGIMENTO DAS ESTRADAS DE FERRO NO PARANÁ
Estrada de Ferro Paraná
A Estrada de Ferro Paraná foi o primeiro trecho ferroviário a surgir no estado do Paraná. Com o passar dos anos foram surgindo vários outros, nos estados do Paraná, de São Paulo e de Santa Catarina, porém como ferrovias autônomas. Os primeiros estudos para a construção de uma estrada ligando o litoral paranaense a capital datam de 1875.
O trecho entre Curitiba e Paranaguá é uma das mais famosas no Brasil e mesmo no mundo, pois como a São Paulo Railway em São Paulo, foi uma obra sobre a Serra do Mar que teve de vencer os óbvios obstáculos da serra, que pareciam intransponíveis nos anos 1880. Aberta pela então Estrada de Ferro Paraná, e sendo de simples aderência, ao contrário da linha da SPR, a obra por isto acabou sendo mais difícil. O primeiro trecho foi inaugurado em 19 de dezembro de 1883, na baixada, e no início de 1885 alcançava Curitiba, tendo sido esta a primeira ferrovia do Estado do Paraná. Foi prolongada apenas em 1891 a partir de Curitiba até Ponta Grossa e foram construídos os ramais de Rio Negro e de Mafra Serrinha. Em 1892, um ramal partindo de Morretes levou o trem até o porto de Antonina, no então Ramal de Antonina.
Historicamente teve início com o desembarque em torno do ano de 1879 no Porto de Paranaguá de diversos imigrantes Italianos. Instalaram-se na localidade de Porto de Cima e ali desenvolveram as atividades de construção da Linha Paranaguá-Curitiba. No ano de 1890, se mudaram para a localidade de Banhado Grande, onde existe uma estação com esse nome e ali permaneceram até 1885/1886 quando então, foram para a localidade de Restinga Seca, próxima a Cidade de Palmeira, para dar continuidade ao trecho Curitiba-Ponta Grossa.
A linha foi incorporada pela RVPSC, depois passou ao controle federal da RFFSA em 1957. Em 1997, foi incorporada na concessão da Malha Sul, vencida pela Ferrovia Sul Atlântico, que em 1999 tornou-se a América Latina Logística (ALL). Em 2015 a ALL entrou em fusão com a Rumo Logística.
A linha ainda é hoje praticamente a original, tendo deixado de partir da estação velha de Curitiba, em 1972, para partir da nova, a cerca de apenas um quilômetro da antiga. Até hoje correm trens de passageiros por ela.
Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande
O engenheiro João Teixeira Soares projetou, em 1887, o traçado de uma estrada-de-ferro entre Itararé/SP e Santa Maria/RS, com 1.403 km de extensão, para ligar a então Província de São Paulo, Província do Paraná, Província de Santa Catarina e Província do Rio Grande do Sul pelo interior, o que permitiria a conexão, por ferrovia, do Rio de Janeiro à Argentina e ao Uruguai.
Em 9 de novembro de 1889, poucos dias antes da proclamação da república brasileira, o Imperador D. Pedro II outorgou a concessão dessa estrada-de-ferro a Teixeira Soares. Sua construção teve início em 1897, no sentido norte-sul, tendo o trecho de 264 km entre Itararé e Rio Iguaçu (em Porto União) sido concluído em 1905. Em 1908 Percival Farquhar, através de sua holding Brazil Railway Company, adquiriu o controle da Companhia de Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande.

A FORMAÇÃO DA RVPSC
Considerando que as ferrovias nos estados do Paraná e Santa Catarina vinham operando em condições precárias, especialmente àquelas que haviam sido administradas pela Brazil Railway Co., o Governo Federal através do Decreto-Lei nº 4.746 de 25 de setembro encampou as mesmas, instituindo oficialmente a Rede de Viação Paraná-Santa Catarina com personalidade jurídica própria de natureza autárquica.

Assim a RVPSC nasceu da fusão das seguintes ferrovias:

  • Estrada de Ferro Paraná, trechos: Paranaguá-Curitiba (1885), Morretes-Antonina (1892), Curitiba-Ponta Grossa (1894), Ramal de Rio Negro (1895), Serrinha- Mafra (1902).
  • Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande, trechos:
    • Linha tronco: Ponta Grossa-Rebouças (1900), Ponta Grossa-Joaquim Murtinho (1900), Rebouças-Porto União (1904), Joaquim Murtinho-Jaguariaíva (1905), Jaguariaíva-Itararé (1908), Porto União-Marcelino Ramos (1910);
    • Ramal de São Francisco: Corupá-São Francisco do Sul (1910), Corupá-Mafra (1913), Mafra-Porto União (1917);
    • Ramal do Paranapanema: Jaguariaíva-Wenceslau Braz (1918), Wenceslau Braz-Jacarezinho (1930), Jacarezinho-Marques dos Reis (1937);
    • Ramal Barra Bonita-Rio do Peixe: Wenceslau Braz-Ibaiti (1925), Ibaiti-Lysimaco Costa (1948).
  • Estrada de Ferro Norte do Paraná, trecho: Curitiba-Rio Branco do Sul (1909).

No ano de 1944 a SPP foi incorporada à Rede Viação Paraná-Santa Catarina através do Decreto-Lei nº 6.412 de 10 de abril:
  • Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, trechos: Ourinhos-Cambará (1924/25), Cambará-Cornélio Procópio (1930), Cornélio Procópio-Jataizinho (1932), Jataizinho-Londrina (1935), Londrina-Apucarana (1942).

A malha também foi ampliada com a interligação dos trechos Engenheiro Gutierrez-Guarapuava (1949-1958); Mafra-Lages que faz parte da ligação ferroviária Brasília-Porto Alegre e foi entregue em 1965; Uvaranas-Pinhalzinho (1974) e Apucarana-Ponta Grossa (Central do Paraná) construída entre 1949 e 1975.

Na década de 40 foram realizadas obras de reforço das pontes entre Morretes e Curitiba, executadas pelo eng. Machado da Costa, permitindo posteriormente a circulação de locomotivas diesel-elétricas.

Com a encampação da RVPSC pela RFFSA a malha pertencente a primeira começou como RFFSA 11ª divisão, com as inscrições RFFSA e sob ela Paraná-Santa Catarina, a 11ª divisão respondia pela RVPSC e pela Estrada de Ferro Donna Thereza Christina (EFDTC) que futuramente seria desmembrada em regional própria devido a seu isolamento do sistema nacional. A 11ª divisão por vários anos respondeu a 13ª divisão, originária da antiga VFRGS.

Nos anos 90 com o projeto sigo e as Superintendências Regionais a 11ª divisão da RVPSC foi renomeada como RFFSA Superintendência Regional-5 com sede em Curitiba, ou abreviadamente RFFSA SR-5, tendo como letra de identificação pelo Sigo "L".

Em 1997 a RFFSA foi leiloada e concessionada para a empresa Ferrovia Sul Atlântico, que em 1999 foi renomeada para ALL-América Latina Logística.

Atualmente as linhas remanescentes da RVPSC são controladas pela Rumo Logística.


EMBLEMA DA RVPSC

A beleza da concepção da mensagem que se pretendia, e se conseguiu, com o emblema da RVPSC transmitir, uma roda de locomotiva, base do moderno transporte ferroviário, atravessada por uma faixa de fazenda, flamejante, que representa a bandeira Nacional, que levada por esta locomotiva, vai propagando a união e o amor pelo trabalho em nosso país.

A roda da engrenagem, com vinte e dois dentes, representa os estados da Federação Brasileira, e ainda, o equilíbrio do funcionamento da Rede com relação a vida nacional, pela simetria de seus dentes.

Sobre o centro da engrenagem, um escudo redondo e convexo, servindo de base as iniciais da RVPSC, representando a defesa e garantia de seu excelente serviço.

E, completando a parte inferior, um garfo, a simbolizar o material mecânico, e, também, colocado como necessidade a harmonia estética do escudo.

A oficialização do escudo ocorreu em 9 de Outubro de 1944, através da portaria número 49-D, assinada pelo então diretor da RVPSC, Coronel Durival de Brito e Silva, na qual se convencionava um módulo "P" para serem mantidas as dimensões do escudo.

Roda da engrenagem:
22 dentes, sendo 15 visíveis.
altura e espessura dos dentes: 1P.
tamanho das letras da RVPSC: 1P.
Escudo:
diâmetro: 14P
grossura: 1P no filete e 3P no centro do escudo.
largura e altura do filete na extremidade 1/3 de P.
largura das letras RVPSC a parte acima do diâmetro horizontal 3P, abaixo, até o limite da circunferência de raio: 6P.
Arco:
diâmetro:10P.
largura:2P.
Comprimento:
Limitado a direita e a esquerda por uma reta de 17,33P partindo do centro do escudo e inclinando em 45º sobre o seu diâmetro horizontal.

O emblema teve 3 fases distintas: a primeira, quando sua criação e oficialização, para o uso após o surgimento da RVPSC. A segunda quando da oficialização de suas dimensões, e a terceira quando o estabelecimento de suas cores.


FROTA
87 locomotivas

ANTECESSORAS 
  • Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná (SPP)
  • Estrada de Ferro Paraná (E.F.P.)
  • Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande (EFSPRG) SP-RG
  • Estrada de Ferro Norte do Paraná (EFNP)

SUCESSORAS

Emblema da RVPSC Rede Viação Paraná-Santa Catarina

INFORMAÇÕES PRINCIPAIS

Nome: Rede Viação Paraná-Santa Catarina

Sigla: RVPSC

Área de operação: Paraná, São Paulo e Santa Catarina

Tempo de operação: 1942-1957 "Transição RFFSA (1969)"

Interconexão ferroviária: SPP, VFRGS e EFS

Portos atendidos: Antonina, Paranaguá e São Francisco do Sul

Sede: Curitiba, Paraná

Ferrovias antecessoras: Estrada de Ferro Paraná, Estrada de Ferro Norte do Paraná, Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande e Cia Ferroviária São Paulo-Paraná

Ferrovias sucessoras: RFFSA, Ferrovia Sul Atlântico, ALL América Latina Logística e Rumo Logística.

ESPECIFICAÇÕES DA FERROVIA
Bitola: 1,000mm




GE 25T foi uma das locomotivas que a RVPSC já teve, a ferrovia teve 6 delas e elas operavam na manobra, esta foto acima foi tirada no ano de 2007 quando ela já estava na pintura da antiga ALL, atualmente algumas delas estão em preservação pela ABPF.

A GE 64T também operou na RVPSC, eram 18 unidades, operavam nos cargueiros e também na manobra, atualmente 1 unidade está em preservação na ABPF em Curitiba/PR.

A MV RVPSC foi uma locomotiva elétrica que também era operada pela RVPSC, eram 10 unidades, até o momento não temos notícias ou informações se alguma unidade está em preservação.

As GE 244 também foram da RVPSC, tinham 5 unidades delas, eram numeradas como 45-49, posteriormente essas unidades foram transferidas para a Central sendo numeradas como 4341-4345, não sabemos se há alguma da RVPSC em preservação pois grande parte delas foram sucateadas.

As GE U5B também fizeram parte desta história, a RVPSC possuía 25 unidades delas somente para manobras, as numerações originais era 501-525 e numeração sigo era 2037-2088, em 2017 a Rumo doou a unidade 2072 para a ABPF, totalmente operacional, onde está preservada e funcionando na sede da associação em Curitiba/PR.

As AS616E também já operaram nas terras sulistas, a RVPSC tinha 5 unidades para operar somente com trens cargueiros, sua numeração original era 40-44 e a numeração sigo era 3411-3415, não temos informações se há alguma destas unidades em preservação.

As famosas GL8 também fizeram parte da RVPSC, tinham 18 unidades e operavam somente na manobra, sua numeração original era 1401-1418 e a numeração sigo era 4004-4021, até hoje algumas encontram-se em operação principalmente na Rumo.

Edifício onde ficava a sede da RVPSC, localizado quase na esquina da Rua João Negrão com a Avenida Sete de Setembro em Curitiba/PR. 
Após a privatização o imóvel foi passado para a UFPR. Futuramente também funcionará no edifício um memorial da extinta companhia ferroviária.

Estação de Londrina na década de 1950, atualmente é onde funciona o Museu Histórico da cidade.









Comentários