EFL Estrada de Ferro Leopoldina

A Estrada de Ferro Leopoldina foi a primeira ferrovia implantada no atual estado de Minas Gerais, na região Sudeste do Brasil. Inaugurada em 1874, expandiu-se principalmente no estado do Rio de Janeiro e chegou até Vitória, no estado do Espírito Santo.

HISTÓRIA
Início
Ligada à economia do café, em expansão a partir de meados do século XIX, a ferrovia nasceu da iniciativa de fazendeiros e comerciantes da Zona da Mata Mineira, acostumados a transportar a produção de café da maneira tradicional, por tropas de mulas, até os portos do litoral. No retorno, os tropeiros traziam produtos manufaturados.
A Lei da então Província de Minas Gerais nº 1.826, de 10 de Outubro de 1871, autorizava o Presidente da Província a conceder uma subvenção de 9:000$000 réis por quilômetro ou a garantir os juros de 7% ao ano sobre o capital de 2.400:000$000 réis à companhia que se organizasse para construir uma estrada de ferro, ligando a cidade de Leopoldina à de Porto Novo do Cunha (hoje Além Paraíba), na divisa da Província de Minas Gerais com a do Rio de Janeiro, onde então findavam os trilhos da Estrada de Ferro Dom Pedro II.
O Decreto Imperial nº 4.914, de 27 de Março de 1872, concedeu ao engenheiro Antônio Paulo de Mello Barreto autorização para organizar uma companhia a fim de construir aquela estrada de ferro. Constituída sob o nome Companhia Estrada de Ferro Leopoldina, o Decreto nº 4.976 de 5 de Junho de 1872 autorizava-a a funcionar no país, aprovando-lhe os estatutos.
Os estudos para a implantação de um primeiro trecho, com a extensão de 38 quilômetros, foram iniciados em 10 de Outubro desse mesmo ano, pelo engenheiro João Gomes do Val. Aprovados em Fevereiro do ano seguinte, iniciou-se em Março a construção da ferrovia.
Os trabalhos desenvolveram-se com rapidez, sendo esse trecho inaugurado em 8 de Outubro de 1874, na presença do Imperador D. Pedro II e de autoridades civis e eclesiásticas. Este trecho contava com três estações São José (São José d’Além Parahyba), no quilômetro 3, Pântano (atual Fernando Lobo), no quilômetro 12, e Volta Grande, no quilômetro 27, cinco locomotivas (duas Rogers, duas Baldwin e uma belga, batizadas de Visconde de Abaeté, Conselheiro Theodoro, Godoy, Cataguazes e Pomba), oito carros de passageiros e quarenta e oito vagões de carga.
Foram inauguradas em curto espaço de tempo as estações de São Luiz e a de Providência, até que os trilhos alcançaram Santa Rita de Meia Pataca (atual Cataguases) e Leopoldina.
Expansão
Em 1894, a Estrada de Ferro Leopoldina passa por uma profunda crise financeira, que culminaram com a transferência do seu controle acionário para os credores britânicos. Para esse fim foi criada em Londres a The Leopoldina Railway Company Ltd., que assumiu a operação da ferrovia a partir de 1898. Os novos titulares deram início à reestruturação e modernização da operação, construindo novas linhas e adquirindo trinta e oito pequenas ferrovias, no centro e norte do Estado do Rio de Janeiro, Sudeste de Minas Gerais e Sul do Espírito Santo, como por exemplo a Estrada de Ferro Mauá, a primeira do Brasil. O sistema chegou a compreender, em seu auge, mais de 3.200 quilômetros de trilhos, incluindo cremalheiras nos trechos mais acentuados da Serra do Mar.
Entre os principais planos de nova companhia estava o prolongamento da linha de São Francisco Xavier até o Cais do Porto e, consequentemente, ao Centro do Rio, um imenso avanço no transporte de passageiros e de carga, sendo a Leopoldina Railway obrigada a construir uma estação que atendesse a esta nova demanda. Para a construção da Estação Central da Leopoldina, foi contratado o escritório de Robert Prentice, arquiteto escocês que também projetou o palacete da Rua São Clemente, que abrigaria a embaixada inglesa e que atualmente é a sede da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Em 15 de novembro de 1924, tiveram início as obras do edifício. A estação da Leopoldina Railway foi inaugurada sob o nome "Estação Barão de Mauá", com muita propriedade, numa justa homenagem a quem foi o pioneiro do transporte ferroviário nacional e patrono das ferrovias brasileiras, em 6 de dezembro de 1926, sendo Presidente da República Arthur da Silva Bernardes e Ministro da Viação e Obras Públicas Francisco Sá. A estação era uma construção de grande porte, com 130 m de fachada principal e quatro pavimentos.
As linhas férreas da Leopoldina Railway atingem em 1931 uma extensão total de 3.086 km. Cabe mencionar a principal linha tronco entre Barão de Mauá e Vitória com 598 km, atravessando a Baixada Fluminense até a cidade de Campos, sempre do lado norte do Rio Paraíba do Sul, seguindo para Vitória via Cachoeiro de Itapemirim. Destacam-se também as linhas tronco de Saracuruna e Capitinga com 595 km e Porto das Caixas a Manhuaçu com 500 km. Responsável pelo escoamento de grande parte do café da região e por transportar passageiros aos municípios mineiros, capixabas e fluminenses, Carangola possuía a principal estação de trens do Leste de Minas. Após a desativação de grande parte da ferrovia, os trilhos foram erradicados do município em 1977, e desde então, a antiga estação abriga o atual Terminal Rodoviário.
Extinção
A Leopoldina Railway voltou a enfrentar dificuldades com o declínio da lavoura cafeeira na região atendida pelas suas linhas, agravadas com as restrições impostas à época da Segunda Guerra Mundial. Sem conseguir se recuperar ao término desta, o Governo Federal encampou-a em 20 de dezembro de 1950, a lei nº 1.288 autorizava a implantação definitiva da ferrovia que passou a chamar Estrada de Ferro Leopoldina (EFL), ficando sob a jurisdição do Ministério da Viação de Obras Públicas.
Em 1957 foi incorporada pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA), sendo que parte da malha foi revitalizada com a aquisição de novas locomotivas diesel-elétricas, automotrizes, carros de passageiros em aço carbono e vagões de diversos tipos, além da melhoria acentuada da via permanente. Porém, esta fase também foi marcada por um progressivo declínio, com a supressão de vários ramais, incluindo as cremalheiras, que desapareceram em 1965.
Atualmente, as antigas linhas da Leopoldina são administradas sob regime de concessão pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA), mas apenas uma pequena fração das linhas originais ainda opera regularmente.

LINHAS E RAMAIS
LinhaInícioFim
Linha NorteRio de Janeiro/RJTrês Rios/RJ
Linha CentroPorto Novo do Cunha/MGLigação - Ubá/MG
Linha CantagaloSaracuna/RJPortela - Itaocara/RJ
Linha Três Rios - CaratingaTrês Rios/RJCaratinga/MG
Ramal Juiz de ForaFurtado de Campos - Rio Novo/MGJuiz de Fora/MG
Linha LitoralNiterói/RJVitória/ES
Linha ManhuaçuRecreio/MGManhuaçu/MG
Linha CarangolaPorciúncula/RJMurundu - Campos dos Goytacazes/RJ
Linha Campos - MiracemaCampos dos Goytacazes/RJMiracema/RJ
Ramal Cabo FrioNeves - São Gonçalo/RJCabo Frio/RJ
Ramal Sul de Espírito SantoC. do Itapemirim/ESEspera Feliz/MG

Trem da Estrada de Ferro Leopoldina circulando com passageiros pendurados, chamados “pingentes” em 1955.

INFORMAÇÕES PRINCIPAIS

Nome: Estrada de Ferro Leopoldina

Sigla: EFL

Área de operação: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo

Tempo de operação: 1874-1975

Sede: Rio de Janeiro, RJ, Brasil


ESPECIFICAÇÕES DA FERROVIA

Bitola: 1,000mm (Métrica)

Extensão: 3.086 km

Mapa da Estrada de Ferro Leopoldina do ano de 1965.

Locomotiva a vapor cremalheira da Estrada de Ferro Leopoldina.

Locomotiva a vapor cremalheira N° 11 da Estrada de Ferro Leopoldina, preservada no Museu Imperial de Petrópolis no Rio de Janeiro.

Detalhe da fachada da Estação Barão de Mauá, principal estação da Estrada de Ferro Leopoldina.

O último trem do Ramal Juiz de Fora da Estrada de Ferro Leopoldina.

Trem turístico que opera no linha Três Rios/RJ à Caratinga/MG, linha da antiga Estrada de Ferro Leopoldina.

Locomotiva a vapor N° 327 da Estrada de Ferro Leopoldina preservada pela ABPF Regional Sul de Minas.

Locomotiva a vapor N° 51 da Estrada de Ferro Leopoldina, atualmente está sendo preservada.

Mini documentário da Estrada de Ferro Leopoldina do ano de 1950.

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