No dia 24 de novembro de 2013, ocorreu o maior acidente ferroviário da história de São José do Rio Preto, quando um trem descarrilou, matou oito pessoas e deixou cinco feridas no Jardim Conceição. Depois do acidente, a linha férrea foi reformada e as casas atingidas demolidas.
HISTÓRIA
Pelo menos oito pessoas morreram e oito ficaram feridas no dia 24 de Novembro de 2013 (Domingo) em um descarrilamento de um trem de carga da América Latina Logística (ALL) em São José do Rio Preto, a 443 km da capital paulista. Os vagões saíram dos trilhos e tombaram sobre casas na zona urbana e equipes de resgate procuravam vítimas sob os escombros.O acidente, com dez vagões carregados com milho, foi às 17 horas, no cruzamento entre da Rua Osvaldo Aranha com as Ruas Presidente Roosevelt e Anisio José Moreira, no bairro Jardim Conceição, perto da região central da cidade. No local não há muros entre a linha de trem e os imóveis, que ficam a pouco menos de 20 metros de onde passam as composições. Segundo relatos de testemunhas, o trem da América Latina Logística (ALL) saiu dos trilhos e avançou sobre as casas que margeiam a linha férrea, derrubando quatro delas. Em uma das casas, um grupo de amigos fazia churrasco. Entre os mortos estava uma grávida e uma criança, que chegou a ser socorrida, mas morreu ao dar entrada no hospital. O Corpo de Bombeiros ainda procurava por outros possíveis desaparecidos e sobreviventes que estariam sob os escombros. Segundo o coronel Paulo César Berto, comandante dos bombeiros, havia corpos sob as ferragens, que se misturaram aos escombros das casas e às toneladas de milho.
Os bombeiros trabalharam com caminhões e máquinas retroescavadeiras para retirar os entulhos e liberar os corpos. A expectativa, por volta das 19h30, era da chegada de um guindaste que seria usado para içar os vagões e tentar liberar espaço para possibilitar a procura de corpos.
Oito corpos foram retirados dos escombros. Dois deles durante a madrugada. Um homem de 30 anos estava em um colchão e foi soterrado pela carga de milho.
Os escombros estavam sendo retirados com máquinas retroescavadeiras. No começo da tarde, o segundo vagão começou a ser retirado. Quatrocentas toneladas de milho foram retiradas do local. No total, 45 homens do Corpo de Bombeiros trabalhavam no local.
As imagens do sistema de segurança de uma empresa vizinha ao local do acidente mostram o momento exato em que os primeiros vagões começaram a sair dos trilhos. Na sequência é possível ver uma nuvem de fumaça e poeira até a parada da composição.
Os trens são monitorados por computadores. A perícia da Polícia Civil já teve acesso às informações. O que se sabe por enquanto é que a composição viajava a 44 quilômetros por hora, ou seja, dentro do limite permitido na área urbana, que é de 50 quilômetros por hora.
Ainda durante a madrugada, peritos apontaram as prováveis causas do descarrilamento. “Existe uma pequena anomalia no sistema de freios que pode ter sido causado por vandalismo ou até por uma falha mecânica, mas isso a perícia vai apurar e ver o que realmente aconteceu”, explicou o perito Willian Cruz Santos.
Das oito pessoas que ficaram feridas, seis ficaram internadas. Segundo testemunhas, havia pessoas passando pela rua no momento do acidente, por isso, o Corpo de Bombeiros diz que o número de vítimas poderia ser maior.
ASSISTÊNCIA ÀS VÍTIMAS
A empresa ALL informou no início daquela noite que ainda estava apurando as causas do acidente. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou que a prioridade após o acidente foi auxiliar no socorro e prestar toda a assistência às vítimas. Ao mesmo tempo, a empresa se colocou à disposição das autoridades locais para auxiliar na investigação das causas do acidente. Segundo a assessoria, a direção da ALL se manifestou sensibilizada e solidária com as famílias das vítimas e, tão logo seja possível, divulgará uma nota oficial sobre a ocorrência.
A concessionária que administra a ferrovia, América Latina Logística (ALL), diz que gastou cerca de R$ 10 milhões com indenizações e reformas na linha. Só com as famílias, o valor de indenização foi de R$ 3 milhões. Os acordos foram mediados pela Defensoria Pública.
A empresa também diz que intensificou os trabalhos de manutenção na linha férrea, no trecho urbano de Rio Preto e instalou em vários pontos passagens de nível para pedestres, além de fazer obras de drenagem de água pluvial. Para os próximos meses, a empresa diz que desenvolve projetos para modernizar a ferrovia e faz diversas ações com a comunidade para reduzir o impacto causado pela passagem do trem dentro da cidade.
RÉUS
Os quatro funcionários da América Latina Logística (ALL) denunciados pelo Ministério Público (MP) por deixar oito pessoas mortas e oito feridas durante o descarrilamento de um trem, há nove anos, foram absolvidos no dia 20 de Setembro de 2022 (Terça-Feira).
Segundo o processo, a velocidade para o trecho onde ocorreu o fato foi determinada pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) em 25 km/h. Porém, a restrição de velocidade foi retirada por determinação de um funcionário da América Latina Logística.
Sem a referida restrição de velocidade inserida no boletim do Computador de Bordo da Locomotiva (CBL), o maquinista levou a composição férrea a um excesso de velocidade no referido trecho, mais precisamente a 44 km/h, ou seja, 76% superior ao limite.
"Consta ainda da peça acusatória que a concessionária tinha ciência de um empeno existente na via férrea no trecho onde ocorreu o acidente, circunstância que recomendaria redobrada cautela, mas, mesmo assim, descumpria a restrição de velocidade, retirando tal restrição de 25 km/h e passando para 50 km/h, o que permitiu o excesso de velocidade da composição naquele dia, uma vez que, se tivesse sido cumprida, assim que a locomotiva tivesse atingido velocidade superior a 25 km/h, automaticamente seria parada", escreveu o promotor em um trecho da denúncia.
Ainda de acordo com o processo, um perito técnico também chegou à conclusão de que a água da chuva e a infiltração de esgoto provocaram uma deformação no solo.
"Considerando as condições observadas de susceptibilidade e colapso de grande porte do solo, o aporte volumoso de água, que tem se acentuado ao longo das últimas décadas tornou-se especialmente elevado no decorrer de novembro de 2013 (mês mais chuvoso da última década), e a infiltração de esgoto na região, é possível afirmar que a deformação de solo observada no local do acidente e que resultou no descarrilamento do trem possui como única explicação compatível com os estudos efetuados um colapso de solo resultante da infiltração de águas procedentes de escoamento superficial originárias das ruas situadas no montante de ferrovia, especialmente da água provenientes da Estrada da Fazenda Velha", escreveu o perito.
Foto tirada no dia do acidente.
DESCRIÇÃO
Data: 24 de Novembro de 2013 (24/11/13)
Hora: 05:00 PM (17:00)
Local: São José do Rio Preto, São Paulo
País: Brasil
Operadora: ALL América Latina Logística
Tipo de acidente: Descarrilamento
Causa: Falta de manutenção na via e excesso de velocidade
ESTATÍSTICAS
Trens: 1
Mortos: 8
Feridos: 8
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Fotos do acidente:
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